Conversa de cocó
Até há bem pouco tempo eramos dois seres bastante normais.
Um filme de domingo deixáva-nos felizes, uma mesa cheia de amigos a uma sexta à noite deixáva-nos felizes, trabalhar em oeiras e não apanhar trânsito todos os dias deixáva-nos felizes.
Mas depois veio a Diana e o conceito de felicidade mudou. Mudou tanto que quando nos apercebemos o ponto mais alto do nosso dia era ver um cocó. Ficamos felizes ao ver cocó. Cocó de bebé mal cheiroso e com uma palete de cores que varia entre o cinza e o mustarda (sempre na moda esta miúda).
E fazemos disso um programa em família todos os dias de manhã e à noite. Há quem veja o telejornal, nós vemos cocó (na realidade dois programas que não diferem muito) e somos felizes assim. E não, não é aquele feliz de quem conseguiu tirar aquela semana de férias que toda a equipa do trabalho queria ... é aquele feliz de quem ganha um sorteio, um campeonato de futebol, o Euromilhões!! (não sabemos o feeling mas acreditamos que se assemelhe)
Isto porquê? Porque a miúda tem prisão de ventre e só faz o chamado "cocó assistido" - com a ajuda do tubo do bebegel. Então, todos os dias pela manhã e pelo final do dia vestimos os nossos fatos de extreminadores, preparamos os utensilios e lá vamos nós para o ritual do cocó que muitas surpresas já nos deu.
Mais do que eu, o pai tem algumas histórias de cocó que eu tenho de partilhar convosco porque a verdade é que estas coisas não devem ficar escondidas para nós.
A última e para mim a melhor de todas foi quando estavamos os dois tranquilões sentados e bem encostados na cama depois de termos dado banho à miuda. Ela tinha comido, arrotado e estava a dormir ferradinha em cima da barriga do pai.
Ela toda calminha e com um cheirinho mesmo bom, o cenário estava muito calmo....
De repente "Parece que estou a sentir húmido aqui na barriga" diz o pai. Pronto. Parou tudo, lá se foram os passarinhos a chilrear, o som das cascatas, o cheiro do incenso e aquela paisagem zen que eu estava a imaginar dentro da minha cabeça ... Afasta-a um bocadinho e o temido aconteceu mesmo. Ela conseguiu a proeza de fazer cocó e xixi, encher a fralda, deitar tudo por fora, ensopar o body e depois o babygrow e finalmente inundar a barriga do pai. Leram bem, inundar, porque o umbigo do pai estava cheio de xixi até cima!
Eu não me contive e rebolei a rir. Ri tanto que até me doeram os abdominais que não tenho.
Ela por outro lado estava com a cara mais zen de sempre como se tivesse entrado naquele mundinho de cascatas e passarinhos a chilrear onde nós estávamos..
O pai, pobre coitado, num misto de riso e nojo pedia-me que lhe chegasse as toalhitas por favor mas eu não me conseguia concentrar. Só conseguia ver o umbigo dele inundado de xixi e tudo o resto que não vou descrever porque quero muito que as minhas amigas tenham bebés.
Mas não ficamos por aqui. Uns dias antes estávamos nós no ritual do cocó mas desta vez na sala ... perigoso, muito perigoso. Em cima do sofá. Ultra perigoso.
Mas estávamos confiantes.
É então que no meio de massagens na barriga e pressões de joelhos na barriga um esguicho de cocó sai em modo bisnaga com uma consistência liquída o suficiente para voar mas pastosa o suficiente para sair tipo bala.
Mais uma vez, o pai, o protagonista destes episódios de cocó, só não levou com um jato na cara porque desviou-se mesmo em modo ninja e foi mais rápido do que a própria sombra. O esguicho saiu disparado para a cara dele e ele desvia-se para o lado, passa (e mancha ligeiramente) o sofá, e acaba nas suas calças. Não perguntem como foi humanamente possível mas aconteceu. As calças ficaram com cocó de cima a baixo e eu vi tudo em câmera lenta. Foi TOP!
E o pai, amoroso e super babado, dá-lhe beijinhos no final e diz que gosta muito dela mesmo quando leva com as suas porcarias em cima.
Agradeço à miúda este momentos em que choro a rir, rebolo no chão de tanto rir, ao vê-la dominar completamente o pai. E ainda tem ... 1 mês.
Muahahahahahahah
A mãe.