Achavam que iam encontrar resposta para os dramas da maternidade?
Não!
Este blog conta a experiência de 2 pais inexperientes que ainda estão aprender a diferença entre body e babygrow.
Prometemos doses de riso e muito amor!
Quando o bebé nasce ninguém avisa de uma data de coisas, a verdade é essa! Uma dessas coisas é o tipo de amizades que a nossa cria vai ter e de que forma serão tão importantes na vidas dela. Estou claro a falar do urso de peluche do Winnie the Pooh!
Este monte de pêlo cor de laranja que tem mais um palmo de altura que a nossa filha é por vezes o elemento da família (sim, eu disse que o peluche era um elemento da família...) mais importante para ela. Se chegamos a casa depois de um fim de semana fora ela quase que se atira do nosso colo para cima dele, abre os braços e dá-lhe um Xi-coração sentido de bochecha escrachada no peito do bicho. De seguida eu tento aproveitar o momento de carinho para lhe sacar um abracinho para mim... "dá um abracinho ao pai" que tem como resposta um virar de cara e possivelmente um empurrar de braço do tipo "sai daqui oh meu".
Outro exemplo da importância deste melhor amigo é o facto de quando perguntamos a ela pelo Pooh rapidamente liga o radar e olha á volta como se a vida depende se disso e quando o encontra estica o braço e o dedo indicador com uma rapidez e impulso que parece que vai deslocar o ombro. Mais uma vez eu e a mãe tentamos capitalizar o momento para nós "E o pai, onde está o pai?"... zero, nem dedo nem braço nem sequer uma reação facial, olha para mim como se eu fosse um bocado de rocha que ali apareceu.
E se o Pooh é o irmão mais velho então o Nenuco com 20 e tal anos que era da mãe e que nós tão criativamente apelidámos de "bebé" é a irmã mais nova. Tem direito ao mesmo excitamento de braços quando se pergunta por ela e também leva uns abracinhos sem fazer nada por isso. A diferença é que a bebé leva porrada que ferve e é arrastada pela sala pelos pés enquanto a nossa exploradora navega a divisão da casa.
A pergunta que eu coloco é a seguinte, todos os amigos vão ser mais importantes que eu sempre, a vida toda? Até os inanimados?!
Quando é que um bebé começa a ganhar personalidade? Quando é que se sabe que o bebé tem vontades próprias e gostos especificos? Cada bebé é único e tem o seu timming mas todos têm em comum uma coisa, avisam claramente quando esta fase começa.
A nossa filhota tem agora 5 meses e picos, já se senta durante 2 segundos antes de cair para o lado, já come sopinhas de legumes sem saboronas e já sabe muito bem o que quer fazer durante o dia: quer roer cenas diversas, pegar em brinquedos para os atirar para o chão e bater com a mão direita com toda a força naquilo que estiver no alcance da mão direita.
Tivemos uns primeiros meses chatos por causa de cólicas mas tudo isso passou. Agora já somos todos amigos cá em casa e a minha bonequinha acorda, faz barulho e mal uma cabecinha aparece no seu campo de visão esboça um sorriso espectacular de orelha a orelha e bate as perdas como se estivesse a nadar de costas. Ela sabe que das duas uma, ou vai comer ou vai começar o dia.
Este sorriso é uma coisa cada vez mais presente e o que exprime é inexplicável. Por exemplo, a mãe começou agora a trabalhar e quando chega a casa é recebida com um sorriso tão grande que até os olhos se fecham. Ela sabe que a mãe é igual a miminhos e brincadeira, a maior cúmplice.
A expressão de felicidade aparece com sorrisos rasgados ou de boca aberta, possivelmente seguidos de umas mãos em frente da boca e um virar de cara que até parece que se está a fazer de difícil. As situações são cada vez mais e mais especificas.
Existe um excitamento instantâneo quando meto o peluche a tocar a música holandesa (sim holandesa.. é o que há e ela não percebe português também por isso tá óptimo). Quando mostro o biberão a felicidade é de tal maneira avassaladora que rapidamente se torna em raiva e frustração por ainda não estar a comer. Quando faço um cucu duas ou três vezes seguidas é possível que saia uma gargalhada. Quando meto o pé dela todo na boca fica a olhar para mim com cara de espanto uns segundos e depois logo sorri. A brincadeira é cada vez mais um momento consciente e pedido por ela.
Ela sabe o que quer de tal forma que já não está tranquilamente ao colo sem parecer um farol ou esticar os braços em direcção a coisas que lhe chamam atenção.. como o telemóvel ou uma almofada com cor ou mesmo aquela interessantíssima maçaneta da janela.
Na verdade às vezes parece que estou a agarrar uma enguia que se mexe e dobra toda. Mudar a fralda já não é aquele momento calmo entre pai, filha e cocó de antigamente.. existe sempre qualquer coisa super interessante a acontecer por cima da cabeça dela e ela tem de ver o que se passa ali, rodar o corpo e esticar os braços. Ter cocó na fralda não é nenhum impeditivo.. cocó nas meias é uma baixa no vestuário aceitável para ver mais uma vez aquele super importante pacote de dodots que existem na vida dela desde que ela nasceu.
Mas claro que o mundo não é cor de rosa (depois de introduzir sopas não é MESMO!), e tal como tem sorrisos e gargalhadas quando está feliz e contente, também já sabe bem mostrar que não gosta ou não quer fazer alguma coisa.
O choro foi trocado por berros, não quer dizer que não chore, mas hoje em dia há a distinção clara do choro e do berro. E o berro felizmente só aparece quando existe sono. Fica farta das brincadeiras, de estar sentada na espreguiçadeira ou na cadeirinha, farta de estar ao colo, farta de mascar naquele peluche que era fofinho em tempos mas que agora parece que tem uma constante camada de gel em cima...
E assim que começa a ficar farta começam as raivinhas e uns barulhos estranhos como quem está a fazer cocó mas não consegue (por vezes é isso mesmo que está a acontecer coitadinha... autênticas bolas de golf), depois começa a abanar-se e de repente é uma explosão terrível de berros como se alguém lhe tivesse pisado o dedo mindinho (ninguém pisou nada a ninguém e acho que os bebés são um pouco dramáticos.. anseio pelo momento que ela vai entender quando digo "Já vai.."). É geralmente nestes momentos que eu ou a mãe dizemos quase em uníssono que ela tem de dormir (um processo muito giro também o de adormecer durante o dia *sarcasmo*).
A fome não é tanto o berro mas é mais um choro inconsolável. Começa a chorar com intensidade da mesma forma que um carro de F1 vai dos 0 as 100 num segundo. Depois de se pegar ao colo e fazer uma palhaçadas lá nos lembramos de olhar para o relógio e dizer "AH! mas já são 16h30 ela tinha de comer à 30min!". Só existe silêncio novamente quando ela está a virar 210ml de biberão. Coitadinha da miúda.. mas a vida tem destas coisas.
Recentemente também começa a chorar se está ao colo de alguém que não conhece bem e de repente se vê num contexto desconhecido e sem o pai ou a mãe à vista. Lança o alarme bem alto e esse choro até traz soluço à mistura. Parece que a abandonamos quando a tia a levou à cozinha um minutinho... (é o que eu digo.. dramáticos...).
Amo a minha Escorpião que ri com a cara toda e berra com pulmões de tenor e só posso imaginar a personalidade que vem ai.
Para adicionar aos 9 da gravidez já lá vão 3 meses de bebé o que completa 1 aninho nisto.
Não vos vou maçar com uma listagem infidável de todas as coisas que mudaram neste último ano.
Todos sabem que quase tudo muda.
Umas coisas tenho muitas saudades, outras nem tanto, umas coisas são muito melhores agora, outras nem tanto.
Um coisa é certa esta miúda mudou as nossas vidas e desde que vi aquele tracinho positivo no teste de gravidez que nasceu em mim um amor mais que incondicional. Um amor sem fim.
Não, não vos vou maçar com isto.
Este post não é um queixume, uma sátira ou uma crítica. Este post não é para rir, nem para chorar.
Este post é um agradecimento ao pai da minha filha.
Vamos a isso!
Querido pai-maridão,
Obrigada pelo abraço quando o teste de gravidez deu positivo. Obrigada por todos os abraços desde então.
Obrigada pela paciência quando o meu cérebro estava um bocadito mais lento durante os 9 meses de gravidez. Um bocadito, era só um bocadito não te estiques.
Obrigada por tomares conta de mim quando tinha as minhas maleitas de grávida. Quando tive dores, quando estava cansada, quando estava incomodada e, já no fim fim, algo farta.
Obrigada por teres aturado o meu outro lado - a hormona. Mesmo quando chorava compusivamente a insistir que "mais vale não sermos felizes para nunca sofrermos". Está agredecido publicamente portanto chega de me lembrares desta infeliz observação, ok?
Obrigada por me teres trazido flores sempre que desconfiavas que era mesmo o que eu estava a precisar. Keep on doing it!
Obrigada por dizeres que eu estava impecável mesmo com mais 17 kilos em cima. O amor é mesmo cego, caramba!
Obrigada por transportares uma casa às costas enquanto nos mudávamos em pleno agosto, com 40 graus à sombra e eu com um barrigão equiparado ao do senhor do Preço Certo.
Obrigada por me fazeres massagens todos os dias sem refilares muito. Já pedi ao universo para te compensar, juro.
Obrigada, obrigada .................. E depois, assim de repente, um aperto, outro aperto, outro aperto... oh meu deus 1 aperto em cada 6 minutos. São contrações! A diana vai nascer!
Obrigada (e este agora é mesmo cá do fundo!) por me teres segurado a mão durante as primeiras 10 horas de trabalho de parto sem epidural. Desculpa (e este também é cá do fundo!) por te ter quase partido os dedos de tanta força que fiz.
Obrigada por teres estado lá nesse dia, assim, tão presente. Obrigada pelas lágrimas de amor quando a Diana deu o grito para a vida. Foi do caraças han?
Obrigada pelos primeiros dias. Mais precisamente pelos primeiros 15 dias. Foram tão duros e tu foste tão meigo. Cuidaste de nós como se fossemos o maior tesouro do mundo. Eu senti e ela também.
Obrigada por fazeres de tudo para chegares a casa sempre a tempo de lhe dar banho. Um dia vou-lhe contar. Prometo.
Obrigada por alinhares nas minhas missões noturnas e cortares-lhe as unhas às 4 da manhã. Probrezinha estava mesmo a precisar
Obrigada por conseguires escolher roupa a condizer para a nossa filha e não a vestires com 7 tons de azul diferentes. Estás um homem mudado.
Obrigada por, passado 3 meses, já por vezes seres tu a lembrar-te de lhe pôr a água de colónia.
Obrigada por tantas outras coisas que te agradeço todos os dias.
Obrigada por cuidares de mim e por cuidares dela. Prometo que lhe vou contar.
Qual gravidez hormonal, qual parto ou qual 1ª semana. O verdadeiro bicho papão de ter um bebé é claramente a Cólica!
Claro que as outras situações são complicadas e têm o seu grau de preocupação e desafio, mas as cólicas são mais que uma situação, são uma fase da nossa vida enquanto pais, enquanto família e enquanto pessoas de mente sã.
(desabafo em tom de raiva assassina passiva)
E ir a um pediatra não traz nenhum valor porque todos os truques que eles dizem para fazer não são reais soluções mas sim formas de distrair os pais, porque eventualmente as cólicas vão passar e nós pais (especialmente de primeira apanha) mal acreditamos nisso.
(fim de desabafo em tom de raiva assassina passiva)
A coisa começou a demonstrar-se quando a Di não conseguia fazer bem cocó, chorava muito sem razão aparente.. ora qualquer corpo de 50cms vai se queixar se entrar comida 6 vezes ao dia e não tratar de deitar isso fora! Pois uma cânula de bebegel é o suficiente, não é? Aí começou a chatice... mesmo depois de cocó, puns, arrotos, dormir, comer, mudar a fralda e vários sons e movimentos que me fizeram por vezes sentir medo que alguém estivesse a filmar, ela continuava a chorar.
O choro é difícil de descrever mas eu vou tentar (puxem pela a vossa imaginação)
Imaginem que estão num concerto de música clássica e numa sala linda com um palco espectacular com um cenário tão bonito que até emociona. A primeira nota de música que ouvem é um violino todo desafinado que parece que alguém está a raspar com o garfo no prato e logo passados 5 segundos esse violino é acompanhado por mais 5 parceiros violinos desafinados, cada um no seu tom, cada um com o seu garfo no prato.
Do nada um grupo de trompetes começa a tocar por cima dos violinos. Desafinando dos violinos mas não entre si e elevando volume concerto para 10xs o número de decibéis.
Quando achamos que os trompetistas não têm mais fôlego eles espantam-nos e mantêm o ritmo e o volume por um tempo que parece eterno.
Passados 15 minutos desta anti-sinfonia o nosso coração aperta e parece que mil tambores descoordenados começam a tocar desnorteando todo e qualquer réstia de raciocínio que existia levando a cabeça a desesperar e extraordinariamente a conseguir ultrapassar o limite daquilo que achamos que era a nossa capacidade de desespero para um nível que nem sabíamos que existia.
Quando a cortina se fecha e concerto acaba parece que o silêncio nos esmaga e ficamos parvos sentados na cadeira sem saber onde é a saída à espera da próxima sessão.
Ora claro que - "mas olhem que os bebés choram" - pode levar uma mãe a ficar assassina.. eu tive dias que cheguei a casa e a mãe estava lavada em lágrimas porque ela não parava de chorar. O sofrimento que é ver a nossa filha em claras dores de barriga e a contorcer-se toda enquanto se estica e encolhe como uma mola sem poder fazer nada é indescritível.
Para além disso chegar a casa do trabalho às 19h e ainda ver a mãe em claro desespero porque "ela ainda não parou de chorar desde as 15h da tarde" é de partir o coração. Tudo em modo repeat por 3 meses.
Podem até dizer que estou a exagerar mas temos alguns amigos e amigas com bebés e nenhum deles chora desta forma e com esta regularidade. A verdade é que as cólicas consideradas intensas são "2 horas 2 dias por semana" como nos disse uma pediatra. A nossa filhota manda esses números para dentro de um sapatinho dos dela.
Tentámos tudo e fomos a todo o lado, passo a enumerar: - Pediatra número 1 diz que isso é normal e deve passar portanto para mudar de leite - Comprámos aero om (não sei como se escreve e honestamente chamo lhe de "o milagre" porque é capaz de calar o choro sempre por 1 ou 2 mins) - Mudámos o leite para um dos comfort (comfort = faz mais cocó) e nada muda - Comprámos 1 remédio de cólicas e nada muda - Mudámos de leite outra vez e nada muda - Comprámos outro remédio de cólicas e nada muda - E comprámos outro remédio de cólicas e nada muda - Pediatra número 2 diz que cólicas é caso raro e basicamente "não sejam maricas e nem percebo as pessoas que dão aero om ou remédios para as cólicas, mas de qq forma mudem de leite" - Mudámos de leite nada muda - Pediatra número 3 diz que é melhor mudar de leite mas mais vez nenhuma porque não se deve mudar o leite assim tanto - Mudámos para um AR (anti refluxo) e ela melhora... por 2 dias e depois é mais do mesmo concerto, nada muda - Perdemos a cabeça e entrámos no submundo do remédio das cólicas e pedimos para nos enviarem coisas que não se vendem em Portugal - (quando chegas ao ponto do contrabando de remédios percebes que estás no limite da tua sanidade mental. Ass: Mãe). - Entretanto vamos a uma Pediatra especialista em gastro que nos arruma ao canto com "a minha função aqui é dizer-vos que isso eventualmente vai passar e que infelizmente é a aguentar porque os remédios para as cólicas não fazem nada, podem dar à vontade, mas não fazem nada. Só para tirar as teimas vamos fazer 15 dias de leite de arroz, não vá ela ser alérgica a uma proteína do leite de vaca" - Mudámos o leite e não só não mudou nada mas ela ficava com fome porque se habituou ao AR e deste ela não bebe (e cheira mal também por isso ainda bem que este não funcionou) - Começámos a dar um dos remédios clandestinos e nada muda - Depois demos o famoso Infacol, o outro remédio clandestino - E fomos a uma osteopata que nos disse que a nossa filha tinha plagiocefalia que é uma condição bastante comum. Pode até afectar nervos que vão da cabeça para o estômago e provocar problemas de intestinos (TIPO CÓLICAS!) e de estômago que se curam.
Depois disso passou, acabou - QUASE - que totalmente e como que um amanhecer depois de uma noite de tempestade a nossa filha mudou de personalidade. De um bebé vezes demais triste e em sofrimento passou a fazer sorrisos e a palrar uns sons estranhos que repetimos religiosamente numa tentativa de falar língua de bebé.
Agora se foi o Infacol, se foi a osteopata, se simplesmente "está a passar" ou se foi a macumba que pedimos para fazer a uma bruxa não sabemos. Mas não mudámos nada desde então, o leite é Nutriben AR, o Infacol é mesmo antes do leite e já fizemos duas sessões de osteopatia e pelo menos mais duas virão.
A todos os pais que passem pelo filme de cólicas intensas digo o seguinte: não atirem o bebé pela janela, não desistam de procurar a rotina que faz com que o vosso bebé tenha uma personalidade feliz e, acima de tudo, acreditem que isso vai passar (nós pelo menos acreditamos que vai passar! :P).
Nasceu a Diana, esta princesa daquilo que é a nossa nova vida! E tal é verdade este título que ela se mostrou realeza logo nos primeiros dias de vida.
No dia 8 nasceu a nossa pequenita cheia de de força e com uma voz que parecia um tenor. O primeiro dia e a primeira noite são verdadeiramente assustadores para mim e para a mãe, entre dar de mamar, trocar fraldas e perceber o porquê do choro estas primeiras horas são deveras intensas.
A Di é claramente uma menina que veio ao mundo para ter uma vida daquelas que uma pessoa diz "grandes vidas", digo isto porque ela ainda agora nasceu e aos primeiros dias já está a levar massagens feita uma lord.
Passo a informar os menos informados que os bebés quando são recém nascidos por vezes precisam de ser ajudados a fazer as suas necessidades, então a menina tem de levar umas massagens jeitosas na barriga no sentido dos ponteiros do relógio seguindo algumas estratégias mas que acabam por servir todas o mesmo propósito, por o intestino a trabalhar.
Ao ver as enfermeiras a fazer estas massagens parece que estão a esmigalhar a barriguinha do bebé e a chamar sarcasticamente nomes queridos às massagens como I Love U (é a forma como se mexe os dedos ao longo do intestino grosso do bebé).
Outro belo desafio é o da amamentação.. pobres mães que têm de passar pelo martírio de terem um bebé a fazerem-lhes um chupão na parte mais sensivel da maminha durante 30min. Como processo não estava a ser fácil para a mãe foi-nos sugerido que dessemos durante um dia ou dois leite de fórmula para ver se as maminhas saravam um bocado porque fizeram logo ferida. Assim fizemos e ela não se importou nada.. comeu tudo como se tivesse 10 anos e a tivessemos levado a comer um Happy Meal no McDonalds.. houvesse mais!!
O último desafio que a Diana nos pôs antes de conseguirmos sair do hospital foi a icterícia. Aparentemente é muito normal acontecer em recém nascidos e nada de dramático. Antigamente dava-se uma colher de água das pedras ou então punha-se o bebé ao sol (entenda-se a levar com luz solar.. não se põe os bebés na chapa do sol), hoje em dia existe uma terapia chamada fototerapia onde os bebés levam com raios UV para resolver o assunto. Pois então a nossa Diana levou uma sessão de solário de 24horas antes de sair do hospital e vir para casa.
Nós os homens temos a vida facilitada nisto das gravidezes. Na verdade somos meros observadores daquilo que é o milagre da vida e embora sempre presentes, nunca passamos realmente por nada em primeira mão.
Então a minha experiência começou às 10 da noite depois de um episódio da série de eleição, a mãe começou dizer que durante o dia se sentiu diferente e que agora estava com umas contrações com mais intensidade.. eu não sentia nada tirando alguma vontade de acabar de ver o episódio.
São 11:30 e já estamos a tentar ir para a cama mas a mãe pára a cada 10min por causa de contrações e faz umas caretas. Ainda consegue rir de piadas parvas mas claramente com algum desconforto.. eu sinto sono.
São 1:00 da manhã e as dores começam a ser mais agudas (eu sei porque o som que a mãe faz também é mais agudo..) e decidimos ir para o hospital. A mãe parece um pouco assustada mas muito controlada.. eu estou excitado e proponho tirar umas selfies.
Chegamos às urgências e depois de sermos atendidos a médica diz que a mãe não começou o trabalho de parto e temos de voltar para casa. Ela está confusa e diz "se isto não são as dores do trabalho de parto nem quero imaginar" depois de mandar um "não percebo nada" para o ar.. eu estou tipo koala na árvore a mascar folhas e a contemplar o mundo à minha frente a pensar "sabe lá ela o significado de não perceber nada..".
Voltamos para casa e a mãe vira guerreira. aa contrações ficam muito mais agressivas e dolorosas com intervalos de 7min. A mãe agarra-se aos lençóis, ao colchão, ao meu braço, à minha mão, enrola o punho, trinca a almofada e geme de dores. São 2 da manhã e nesse dia acordámos às 6:30, por isso existe sempre a tentativa de de dormir entre cada ataque mas parece uma tortura do sono, quase que adormece e de repente, pimba! A mãe está em clara agonia.. eu estou tipo treinador de bancada a dizer para respirar, para relaxar entre contrações e a moralizar com tudo o que de positivo possa pensar como se isso fosse influenciar as dores. Estou totalmente fora do filme.
São 7:30 da manhã e a mãe está de rastos porque o filme é igual desde as 2:00. Já esgotei o vocabulário da moralização de bolso e a mãe passou da agonia para o desespero. Está na hora de ir para o hospital e desta vez ficamos, nem que tenhamos de meter algemas nos pulsos à volta de um corrimão.
Ligamos para o sogro para nos dar uma boleia até ao hospital (podia ir eu a guiar mas coitadinho de mim que não dormi nada). A minha sogra aparece com um sorriso enorme à porta de casa e nós nem força na bochecha temos. Naquele momento a mãe é um zombie sem forças e a levar porrada de contrações a cada 6/7min e eu .. sou só um gajo com sono na verdade.
Fazemos a autoestrada em 4 piscas e na faixa de emergência em plena hora de ponta às 8:30 da manhã. Chegamos ao hospital e a primeira coisa é pedir uma cadeira de rodas para a mãe (embora eu esteja muito cansado sou um cavalheiro) e ir de elevador directo para o andar da epidoral!
Quando levam a mãe para longe do meu controlo fiquei um bocado atrapalhado pela primeira vez .. estava claro na minha cabeça que é suposto eu ser a testemunha do processo e assim há coisas que não vejo! Ando à volta à procura da porta onde ela terá entrado e de repente oiço um berro familiar de dentro de um consultório fechado seguido de um "Bem vinda ao trabalho de parto". Estou à porta e devo ter ar de menino perdido porque uma enfermeira vem ter comigo sem eu pedir e antes de ela abrir a boca digo "Sou o marido" e com um sorriso sou recambiado para a sala de espera com um "já o chamamos".
Passados 40min lá me chamam para o quarto onde a mãe está com uma expressão de tranquilidade que parecia que eu não via à anos (mas na verdade era desde ontem). Uma expressão epidural!
Continuamos à espera e como nós está toda a gente... família mais próxima, família mais afastada, melhores amigos, amigos da escola, da faculdade, do trabalho e de outros tempos ... conhecidos com quem em tempos já trocámos umas palavras sobre um tema específico e pairam agora pelas nossas redes sociais como se fossem fantasmas (muito queridos tipo o Casper) que de vez em quando aparecem sob a forma de like ou comentário.
Resumidamente, está tudo à espera que a miúda venha cá para fora e ela teima em não sair!!
É muito engraçado porque nota-se uma grande vontade que ela nasça "Bora lá Di!; Despacha-te Miúda!; Vamos a isso!; Está quase, força!". Esta é uma sensação óptima, sentir que não somos só nós que estamos com vontade que ela venha conhecer o mundo. Temos a sorte de ter dos amigos mais selvagens aos mais emocionais e todos reagem de alguma forma carinhosa e uma pessoa sente-se preenchida com este amor que ninguém tem vergonha de exprimir porque se trata de um bebé.
É também neste momento que algumas das vontades pessoais vêm ao de cima e misturam-se rapidamente com o desejo de a ver. Então de uma forma muito carinhosa passam uma mão pela barriga e dizem-nos a nós ou directamente à Diana coisas que nos fazem rir à gargalhada!
"Na próxima semana não dá Diana, na próxima semana vou pintar a casa e remodelar a sala."
"Já agora aguenta-te mais um bocadinho que eu estou com uma gastrite e o miúdo está com febre."
"Tenho exame segunda, quarta e sexta. Bom bom era nasceres na próxima terça."
"Vamos para Londres na terça e só voltamos para a semana, aguenta-te até lá."
"Agora vou para a fisioterapia, às 18h00 podes nascer!"
E isto é muito confuso para uma criança, por isso já temos um google calendar para ver se conseguimos organizar o dia e a hora. Arranjámos uma comunicação simples de um pontapé para SIM, dois para NÃO e três para "INTERVALO PARA O CHOCOLATE" para combinarmos com a Diana e conseguirmos fazer a vontade a toda a gente. Até agora a negociação corre nos trinques e, ou bem que entendemos mal os pontapés, ou ela está a ser bem levada.
Eu não sou o mais organizado nem o mais arrumado e é por isso que eu e a mãe fazemos uma boa equipa. Ela é organizada e arrumada.. talvez até tenha um bocado de OCD (obsessive-compulsive disorder).
Embora eu goste muito desta complementaridade existe a consequência óbvia da situação em que nos encontramos, afinal ela tem de andar constantemente com o equivalente a 2 garrafões de água de 5 litros e não pode carregar, empurrar ou levantar coisas. Eu de repente torno-me muito mais útil...
Mas a organização é uma coisa de cabeça e está mais relacionada com a concepção do planeamento do que com a parte de pôr em prática o planeamento. Por isso, cada macaco no seu galho e eu tou ao nível do gorila e não estou na árvore sequer.. estou no chão a carregar armários e cómodas do IKEA.
A verdade é que depois de montar e pôr as coisas no seu lugar ficamos com tudo muito giro e se perguntarem a qualquer mãe, a parte de montar o ninho é uma coisa basilar no processo da gravidez. O quarto do bebé é a cereja no topo do bolo ... é como se fosse um templo sagrado, as paredes são o teto da Capela Sistina e os móveis são verdadeiras peças do Louvre (mas só que do IKEA). Qual Michelangelo qual quê, entre as nossas skills de artes manuais e as skills artísiticas do nosso amigo Rezende as pinturas do quarto metem a Sistina num chinelinho.
Mas organização e o planeamento implicam uma data de coisas que não são só pinturas e móveis. Claro que por um lado temos os clássicos como o berço, cama de grades, cadeira ao lado da cama de grades e o móvel onde se muda as fraldas com todos os acessórios e cremes necessários para deixar o rabo do bebé limpinho e suave à distância de um braço (não me lembro se tem um nome específico) (será muda-fraldas? ass: mãe).
E por outro temos os cremes, as chuchas, os biberões, os lençois, os panos para pôr debaixo do bebé enquanto se muda a fralda que têm de ser impermeáveis (mas não 100% impermeáveis porque senão o xixi escorre e ninguém quer isso..!), o carrinho, a alcofa, a cadeira do carro e ainda roupa e roupa e mais roupa que ouvimos dizer repetidamente por toda a gente que "só se usa uma vez" e que "quando vais tentar por já não serve" por causa da velocidade de crescimento do bebé (já que estamos numa de referências para amigos aproveito para falar de outra amiga que também é uma artista de roupinhas bem catitas de grande qualidade: Mé).
Para facilitar dividimos as coisas de 0-1 mês depois de 1-3 meses depois de 3-6 meses e rezamos que não saia uma bebé nem pequena demais nem grande demais senão as contas não batem certo!!
Entre o que herdámos e o que comprámos, a miúda já tem uma boa coleção outono-inverno para passar modelos em cima do tal móvel onde se deita o bebé para mudar as fraldas (O muda-fraldas!! ass: mãe).
Portanto são algumas coisas que os futuros pais têm de antecipar e preparar para que quando chegar o dia de trazer o bebé para casa estejam com a cabeça concentrada no bebé e nas necessidades dele. Para nos ajudar a organizar um bocado toda esta infindável lista de tarefas que precisam de ser feitas pedimos a uma prima que nos enviasse uma cópia de um excel espectacular que ela tinha com coisas todas listadas e categorizadas (obrigado Diana).
Também lemos num livro alguns conselhos muito bons mas houve um que sobressaiu como aquelas coisas óbvias que uma pessoa só se apercebe depois do facto e que tem de ser partilhado: vamos cozinhar e congelar comida que chegue para o primeiro mês (nunca vai ser suficiente para o primeiro mês inteiro mas o espírito tem de ser esse... tipo bunker de sobrevivência anti-nuclear). Acho que este conselho vai valer ouro! (especialmente para a mãe que não vai ter de se alimentar à base de massa de atum.. que eu faço lindamente por acaso).
Isto da organização é uma necessidade básica que todas as mães (e possivelmente alguns pais mas creio que poucos) desenvolvem na altura da gravidez por uma questão de necessidade. Acho que é por isso que achamos sempre que a casa da nossa mãe tem uma magia especial onde parece que está sempre tudo no lugar certo... desconfio que elas não foram sempre assim mas ganharam o skill por nossa causa!
O nome que nós temos foi-nos imposto pelos nossos pais. Ninguém nos consultou e é o único rótulo que vamos usar até ao fim da nossa vida. Para além disso existem uns nomes muita estranhos para aí o que torna todo o processo uma roda da sorte onde podemos ter o maior azar do mundo.
Isto é o que uma pessoa pode pensar quando se foca em si e centra toda a atenção na magnificiência da sua existência. Mas eu, o pai, agora já não acredito nisso. Em nome de todos os que já tiveram de passar pelo processo de escolher o nome que alguém vai usar até ao fim da sua vida declaro que o nome de cada um de nós foi pensado, remoído e possivelmente discutido em assembleia paternal com consultores externos.
A nossa bebé vai-se chamar Diana. É um nome bonito que tanto o pai como a mãe gostam, mas o processo para lá chegar foi longo e pareceu um labirinto com vários becos sem saída.
Se forem pessoas tranquilas e sem grandes pressas só começam este processo depois de saber o género do bebé, senão claramente é um processo de pelo menos 8 meses. E passo a explicar como poderá eventualmente dar-se esta negociação paternal: Primeiro existem os nomes que o pai ou a mãe gostam desde sempre (possivelmente a mãe já tem uma lista memorizada com um top 5 qualquer desde que tem 12 ou 13 anos porque as mulheres têm destas coisas) e estes são os primeiros que são postos como possibilidades em cima da mesa das negociações. Vamos excluindo de um lado e do outro com base em variadíssimas razões que pensamos ser lógicas mas nem por isso.
Houve nomes que foram excluídos por serem grandes demais, outros por terem uma sonoridade muito agressiva ou por não terem sonoridade possante suficiente. Houve nomes que ficaram de parte porque nos faziam lembrar aquela míuda que cheirava mal na 2ª classe e outros porque nos faziam lembrar ex-namorados/as (mútuo acordo que era uma coisa inaceitável). Houve nomes que faziam lembrar profissões e outros que simplesmente eram nomes maioritariamente usados para outras coisas (Luz foi um nome muito discutido que a mãe gosta muito).
Então escolhe-se uma ou dua opções e partilha-se com os amigos e familia (que perguntam incessavelmente durante 9 meses qual é o nome todos os dias enquanto não existir uma resposta confiante por parte dos pais). O caos instaura-se e aquilo que foi dificil de negociar entre dois agora é discutido em modo parlamentar onde cada um tem uma razão para não gostar ou gostar muito de um ou de outro nome. "Porque é o nome daquele actor" "Porque é nome de realeza" "Porque é nome de santo" "Porque a minha amiga acabou de ter um filho e deu-lhe esse nome" "Porque o pescador que estava sentado na tasca onde eu costumava ir quando estava de férias no Algarve tinha uma sobrinha com esse nome", etc etc...
O tema é tão subjectivo e puxa tantas associações inconscientes e refundidas que fica díficil chegar a uma conclusão. Talvez por isso é que existem tantas pessoas com os nomes dos pais ou dos avós, a associação é a uma pessoa próxima a quem ambos sentem carinho. No nosso caso o nome veio de uma conclusão lógica de juntarmos os nossos dois nomes: Diamantina + Anacleto = Diana (estou a brincar é Diogo e Ana, espero que não esteja nenhuma Diamantina nem nenhum Anacleto a ler isto senão é muito constrangedor).
No fim do dia os pais podem escolher o que quiserem para os filhos mas as pessoas que vão verdadeiramente escolher como é que eles vão ser chamados são os amigos, e provavelmente vai ser uma estupidez qualquer que não tem nada a haver com nada.
O bebé dentro da barriga da mãe cresce de forma relativamente discreta no que toca a interacções com o mundo exterior (a barriga a crescer e as hormonas acho que são mais o bebé a interagir com a mãe). A partir dos 5 ou 6 meses começam os primeiros ligeiros olás que o bebé dá para o mundo exterior e, embora a mãe já tenha dito que por vezes parece que tem um ratinho a andar numa roda dentro da barriga, só nesta altura é que o pai consegue (com muita concentração e sorte) sentir, com a mão na barriga, uns ligeiros empurrões de dentro para fora.
A mim ela só se mostrou mais tarde, só depois de se mostrar à avó, às amigas do trabalho da mãe e às tias (mais uma vez se mostra que o pai aqui é um título sem muito poder na gravidez...), e só depois de muitas horas de mão na barriga em frente à televisão ou num jantar lado a lado é que ela decidiu dizer olá ao pai. Cheira-me que vem ai o feitio da mãe..
À medida que os meses vão passando a timidez do bebé vai-se tornando cada vez menos presente, os empurrões passam a pontapés e raras são as vezes que não se sente um olá quando se põe a mão na barriga da mãe. A certa altura é bem visível todo o pontapé e empurrão, parece que a mãe de repente teve uma mini explosão dentro da barriga.. ou gases.. muito agressivos.
A sensação de sentir o bebé às 35 semanas é avassaladora. O pontapé ou empurrão é muito forte e parece que o olá passou a um "sai daqui que estás a fazer calor". Às vezes a mãe (pobre coitada) está tranquilamente sentada a jantar ou deitada no sofá a ver uma série e de repente salta manda um berro e faz uma cara de sofrimento porque o bebé daquela vez, em vez de pontapear para a frente em direção ao umbigo pontapeou para o lado e para cima em direção às costelas e possivelmente ficou com o dedão grande do pé preso entre a 3ª e a 4ª durante um segundinho (sem certeza científica aqui mas isto é claramente o que se passa lá dentro).
Acredito que para a mãe a sensação não seja tão agradável por vezes.. mas agora que estamos quase a conhecermo-nos cara a cara, o melhor momento que eu tenho com aquele bebé é quando acordo de manhã e enquanto abraço a mãe antes de me levantar levo com um fortíssimo "sai daqui que acabei de acordar" do meu bébé.