Sem pressão, o nome é só para o resto da vida
O nome que nós temos foi-nos imposto pelos nossos pais. Ninguém nos consultou e é o único rótulo que vamos usar até ao fim da nossa vida. Para além disso existem uns nomes muita estranhos para aí o que torna todo o processo uma roda da sorte onde podemos ter o maior azar do mundo.
Isto é o que uma pessoa pode pensar quando se foca em si e centra toda a atenção na magnificiência da sua existência. Mas eu, o pai, agora já não acredito nisso. Em nome de todos os que já tiveram de passar pelo processo de escolher o nome que alguém vai usar até ao fim da sua vida declaro que o nome de cada um de nós foi pensado, remoído e possivelmente discutido em assembleia paternal com consultores externos.
A nossa bebé vai-se chamar Diana. É um nome bonito que tanto o pai como a mãe gostam, mas o processo para lá chegar foi longo e pareceu um labirinto com vários becos sem saída.
Se forem pessoas tranquilas e sem grandes pressas só começam este processo depois de saber o género do bebé, senão claramente é um processo de pelo menos 8 meses. E passo a explicar como poderá eventualmente dar-se esta negociação paternal: Primeiro existem os nomes que o pai ou a mãe gostam desde sempre (possivelmente a mãe já tem uma lista memorizada com um top 5 qualquer desde que tem 12 ou 13 anos porque as mulheres têm destas coisas) e estes são os primeiros que são postos como possibilidades em cima da mesa das negociações. Vamos excluindo de um lado e do outro com base em variadíssimas razões que pensamos ser lógicas mas nem por isso.
Houve nomes que foram excluídos por serem grandes demais, outros por terem uma sonoridade muito agressiva ou por não terem sonoridade possante suficiente. Houve nomes que ficaram de parte porque nos faziam lembrar aquela míuda que cheirava mal na 2ª classe e outros porque nos faziam lembrar ex-namorados/as (mútuo acordo que era uma coisa inaceitável). Houve nomes que faziam lembrar profissões e outros que simplesmente eram nomes maioritariamente usados para outras coisas (Luz foi um nome muito discutido que a mãe gosta muito).
Então escolhe-se uma ou dua opções e partilha-se com os amigos e familia (que perguntam incessavelmente durante 9 meses qual é o nome todos os dias enquanto não existir uma resposta confiante por parte dos pais). O caos instaura-se e aquilo que foi dificil de negociar entre dois agora é discutido em modo parlamentar onde cada um tem uma razão para não gostar ou gostar muito de um ou de outro nome. "Porque é o nome daquele actor" "Porque é nome de realeza" "Porque é nome de santo" "Porque a minha amiga acabou de ter um filho e deu-lhe esse nome" "Porque o pescador que estava sentado na tasca onde eu costumava ir quando estava de férias no Algarve tinha uma sobrinha com esse nome", etc etc...
O tema é tão subjectivo e puxa tantas associações inconscientes e refundidas que fica díficil chegar a uma conclusão. Talvez por isso é que existem tantas pessoas com os nomes dos pais ou dos avós, a associação é a uma pessoa próxima a quem ambos sentem carinho. No nosso caso o nome veio de uma conclusão lógica de juntarmos os nossos dois nomes: Diamantina + Anacleto = Diana (estou a brincar é Diogo e Ana, espero que não esteja nenhuma Diamantina nem nenhum Anacleto a ler isto senão é muito constrangedor).
No fim do dia os pais podem escolher o que quiserem para os filhos mas as pessoas que vão verdadeiramente escolher como é que eles vão ser chamados são os amigos, e provavelmente vai ser uma estupidez qualquer que não tem nada a haver com nada.
O pai.